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Para 2018, eu quero um amor

Não podia ser mais clichê, mas amor demais nunca é bastante. Tenho amor de sobra de amigos de toda a vida; o carinho dos novos que encontrei por aqui e que me incluem como parte de uma família de quem, igualmente, está solitário em outro país. Tenho apoio incondicional dos meus pais, da minha família e até de gente que perdi o contato, mas mantenho os créditos na conta da amizade e do afeto.

Mas decidi que, para 2018, quero um amor daqueles que te roubam o ar e, por isso mesmo, não duram a vida inteira. Acontece por sorte, por casualidade, já que, tanta paixão, te mataria por sufoco. Então, que ele venha intenso e eu sobreviva. Toda chama acalma, arrefece. Ainda bem, eu diria. Imagina o estrago de um fogo incessante e destruidor... Amor tranquiliza-se, mas antes precisa fazer fumaça para dar indicar sua presença.

Então, que esse amor chegue intenso, porque a graça está justamente em ter a certeza de que alguém te provoca reações diferentes, te rouba o sono, te faz rir sozinho, te faz desejar estar perto pelo simples fato de que, naquele momento, nenhum outro lugar é melhor do que ali . O amor sempre será óbvio, a gente é que teima em fazer diferente por medo de sofrer, então, ama pela metade, apregoa que não quer compromisso, que "não está preparado", "que é muito feliz sozinho. Obrigado!"

Balela quem diz que prefere a solidão. Ninguém deseja não ser especial para alguém. Quem não curte receber um "Bom dia, pensei em você!", ou ler "Escrevi para dizer que estou com saudades"? Talvez eu, canceriana, exagere no mel, mas se você acha que não é muito legal ter alguém que se preocupa com você, meu amigo, sinto muito. Ou você leva a vida como um grande teatro, no qual assumiu o papel do bem resolvido misantropo ou, lamentavelmente, nunca experimentou essa sensação e não sabe o que está perdendo.

Pensando melhor, o amor é o clichê menos evidente que a vida pode nos oferecer. Nunca sabemos se vamos nos apaixonar, quando vai acontecer e se seremos correspondidos. São tanto "ses" que dá medo de encarar a mudança do condicional para a condição: "quando eu encontrar...". Aí, muita gente prefere escolher o "não". "Não preciso, não quero, não sou dessas coisas."

Mentira, meu amigo. Eu, você, todos os seus conhecidos, e até os seus desconhecidos, somos sujeitos que só completam algumas frases quando conjugam o verbo apaixonar-se. Inclusive no passado: "Eu me apaixonei". Na negativa: "Não me apaixonarei de novo". Nos planos: "Quero me apaixonar". No lamento: "Nunca me apaixonei". Mas, seja como for, faz parte de você, está lá, flexionado, em algum tempo na sua vida.

E, para 2018, decidi conjugar esse verbo no futuro. Sim, me apaixonarei. Esse é meu desejo. Mas agora sei que será tão diferente da primeira vez... Eu sonhava com o menino mais lindo do colégio; quase infartava ao receber uma ligação do eleito no telefone fixo de casa, dando plantão ao lado do aparelho para atender à primeira chamada e falando aos sussurros para que a casa inteira não escutasse as confissões de amor.

Agora, talvez, minhas primeiras conversas com um candidato seja por WhatsApp, que, igualmente, provoca uma deliciosa ansiedade quando chega o sinal de mensagem recebida. Por ali, penso, vamos mandar áudios melosos, fotos dos lugares de onde estamos quando não estivermos juntos. Um novo amor agora não será o garoto mais bonito da escola. Ele já terá perdido cabelo, poderá estar meio, ou completamente, careca, vai saber. Poderá estar enxuto mesmo que passado dos 30 ou com um pacinha também. Não precisa ser belo, mas tem que ter algo de lindo: um sorriso acolhedor; uma mão forte o bastante para não deixar a minha escorregar; um peito confortável para dormir, para te acomodar ou simplesmente para eu me apoiar em dias de Netflix.

Precisa ter algo encantador. A inteligência, o humor, a generosidade. Não necessariamente nessa ordem, muito menos o pacote completo. Não há nada mais apaixonante do que alguém capaz de te fazer rir, de fazer com que você não se preocupe com nada porque, te dirá, para tudo sempre haverá um jeito. E você poderá confiar. E o dia em que começar a te fazer chorar, é porque já não vale mais a pena. É hora de se despedir e seguir em frente. Apaixonar-se é ato contínuo, praticado todos os dias. Caso contrário, perde a força, vira rotina, vira descuido. E nesse caso, melhor estar sozinho.

Meu novo amor já não será mais o estudante, o universitário que divide a conta do bar, pagando com mesada do pai ou com o pouco dinheiro que recebe no estágio. Não é mais aquele que, por puro romantismo, paga o jantar sozinho com a mixaria do salário do primeiro emprego. Um novo amor terá agora preocupações financeiras, contas para honrar que vão além da entrada do cinema. E eu também tenho, não preciso de alguém que financie minha vida ou meus projetos, mas vou achar lindo se ele me comprar um presente, só para me agradar. Ou quando fizermos cálculos para, juntos, desbravarmos alguns cantos do mundo.

Um amor em 2018 também terá agenda ocupada com o trabalho, quem sabe até com os filhos de outras relações. Mas, ainda assim, ele encontrará tempo para me incluir na lista de prioridades dele. Não cabe mais me contentar com migalhas, com o tempo que resta do outro, com o "depois vemos" ou "quem sabe um dia". Quero um amor que diga que pode, que fará, que organize a agenda e tenha destacado os nossos compromissos, em caixa alta, se possível, escrito em caneta vermelha.

Um novo amor nessa fase da vida já não será aquele com quem eu sonhava em compartilhar um lar, uma vida, uma família. Nessa idade, já temos manias demais para dividir a casa com alguém depois de alguns anos morando sozinhos. Então, meu novo amor pode ter outro endereço. Cada um no seu espaço, que, vez ou outra, se tornará "o nosso". Ou no meu, ou no dele. Tanto faz.

Meu novo amor, se ele chegar, não será mais aquele que me aplaudiu no dia da minha formatura; que me consolou quando fui reprovada no teste de motorista e me abraçou quando, finalmente, consegui tirar a carteira. Não será mais aquele que me ajudou a escolher meu primeiro carro e que se aventurou no banco do passageiro nas minhas primeiras voltinhas. Não é mais aquele que me mandou flores que assumi meu primeiro emprego ou vibrou pela minha alegria quando fiz minha primeira viagem internacional. Não será mais aquele com quem comprei nosso primeiro apartamento e com quem fiz planos de me casar vestida de noiva.

Um amor maduro já carrega uma mala muito pessoal: alegrias passadas, mágoas de outras paixões, traumas, momentos importantes vividos dos quais eu nunca mais poderei compartilhar. Mas eu também levo nas costas a minha, nem sempre leve, mochila de dores, decepções, frustrações. E que esse novo amor, assim como eu, sejamos mutuamente generosos para entender que essas bagagens, para sempre, fará parte de nós.

Balela quem diz que lgucia

hahah


DICAS DE COZINHA

DA SARA!

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